30/01/2020

Abrir mão dos meus planos e humilhar-me

Queridos intercessores,

 
O primeiro mês de 2020 já passou, muito rápido por sinal. Mas como é bom saber que Deus ministra ao nosso coração a cada dia que se passa, que possamos estar atentos à Sua voz diariamente. Gostaria de compartilhar alguns textos que Deus tem usado para me desafiar a estar atenta aos Seus propósitos.

Uma pergunta ressoa: será que podemos entender os mistérios de Deus? Será que podemos conhecer os limites do Todo-poderoso? Eles são mais altos que os céus e mais profundos que as profundezas (Jó 11.7-9). Nem sempre entendemos como Deus trabalha, mas mesmo assim podemos confiar que Ele tem o melhor em vista para nós, mesmo quando não compreendemos.

Jó não estava entendendo os caminhos de Deus e colocou diante d’Ele suas perguntas. Quando Deus finalmente fala com Jó, Ele não responde suas perguntas, mas revela Sua grandeza. E Jó, diante disso, reconhece que: não é nada; não sabe de nada; os planos de Deus não podem ser frustrados; só conhecia a Deus de ouvir falar, mas agora seus olhos O vêem (Jó 42.2-6). Sua atitude é de se humilhar diante de Deus, arrepender-se e render-se aos Seus planos e propósitos.

Tiago nos incentiva a nos humilharmos diante de Deus (Tiago 4.10). Quando nos humilhamos, reconhecemos que Seus caminhos são perfeitos, que Ele é muito maior e Sua grandeza incomparável e que precisamos d’Ele. O quanto estou disposta a render-me ao Senhor e aos Seus planos? Que em nosso coração possa haver essa disposição.

DIA A DIA
Vamos às experiências práticas. No início de janeiro, todos os integrantes da equipe viajaram e eu fiquei em Kotido. Pediram-me para cuidar dos gatos. Não gosto de gatos, pior ainda se estão dentro de casa. Foi um tempo de abrir mão do que eu gosto e dispor-me a servir.

Um dos desafios diários é aprender a língua local: temos trabalhado neste sentido. Elizabeth é quem nos ajuda. Começamos a falar nas aulas: é um desafio tentar falar uma língua totalmente diferente do que estou acostumada, com sons e pronúncias nada comuns, onde tudo parece começar com “a”, “e” ou “t”, a forma do verbo muda completamente.

Mas Deus tem dado graça. Como é difícil não saber se comunicar, não entender o que está se falando. Porém, há também a alegria ao compreender algumas palavras, mesmo não entendendo todo o contexto. Às vezes, sentir-me meio boba, sem entender faz parte deste processo de abrir mão de tudo.

Destiny e eu tivemos a oportunidade de ir para uma das aldeias em Kacheri. Viajamos de “boda boda” (moto). Esqueci de tirar foto de nós duas na moto...! É impressionante o que estes “boda bodas” conseguem carregar. Foi uma aventura e tanto, cerca de uma hora de viagem. Inicialmente fomos para participar de um casamento na aldeia, mas ao chegarmos lá os planos mudaram e a família resolveu ter um tempo de oração pelo casamento, por proteção e cuidado de Deus. 

Apesar das mudanças, foi um tempo gostoso. Mudança de planos é uma constante por aqui: pessoas que vêm para uma visita, outras que não aparecem para um compromisso, compromissos que mudam, ..., a pergunta que fica é o quanto estou disposta a deixar minha agenda de lado e abrir-me para uma nova agenda? Pense no tamanho das panelas...! Depois quando voltávamos para casa ainda tive o privilégio de ver algumas danças típicas do povo.

  

Um grande evento estava para acontecer: muitos preparativos para a visita do arcebispo da Uganda (aqui na igreja anglicana). Ele está para se aposentar e por este motivo estava vindo. Todos queriam dar uma boa impressão e muitos planos foram feitos: músicas a serem cantadas, apresentações, decoração da igreja, presentes a serem dados, almoço, ...!

Mas no dia ele se atrasou e a programação teve que ser mudada ... a recepção foi bem diferente do esperado. Expectativas e planos tiveram que ser ajustados, mas no fim foi um tempo abençoado. O quanto estamos dispostos a ajustar-nos quando nossos planos mudam? Será que estamos abertos a essas mudanças? E estamos alinhados ao que Deus tem reservado para nós?

Nesta semana participei de um workshop de música na aldeia de Naterapus. A idéia era ajudar a igreja ali a compor sua música cristã, no seu estilo. Há muitas músicas, mas que são “emprestadas” do inglês ou de outras línguas. Foi muito legal vê-la produzindo suas próprias músicas, baseadas na palavra de Deus e alegrando-se juntos ao cantarem as canções da maneira como eles estão acostumados.

Desta forma, empodera-se a igreja para viver e cumprir Seu propósito. Para finalizar o tempo juntos, fomos agraciados com um almoço. Foi bom poder sair da rotina e poder participar deste tempo precioso. Mas para isso preciso me dispor para deixar de lado o “velho/já conhecido” e disposta a abraçar o novo.

 

Esta semana recebi uma notícia que mexeu comigo: os líderes da minha equipe foram desafiados a começar um trabalho no oeste da África, onde a MIAF ainda não tem nada organizado. Eles oraram e buscaram a direção de Deus durante um bom tempo para este desafio. E, por fim, entenderam que Deus os está direcionando neste sentido. Em termos práticos, isso quer dizer que em outubro deste ano eles estão partindo da Uganda rumo ao novo, juntamente com suas três filhas. 

Ao ouvir a notícia, fiquei muito triste e com o coração apertado, justamente porque me identifiquei muito com eles. Mas nesse processo todo, Deus tem me ensinado a ir para Ele, derramar meu coração perante Ele, entender que Deus já sabia disso tudo e que Seus planos são melhores. Foi interessante que bem nesta fase, estava começando a ler Jó e em diversos momentos pude me identificar com ele. Novamente, preciso abrir mão dos meus planos e permitir que Deus realize Seus propósitos em minha vida, sem deixar de entender que Seus planos jamais podem ser frustrados. Como isto é um desafio!

Para mim, abrir mão do que tenho planejado não é fácil. E nesse processo preciso aprender a abrir mão da minha cultura, abrir-me para uma nova cultura e permitir que a cultura do Reino permeie cada detalhe da minha vida. Que Deus possa me ajudar para que Seus planos perfeitos possam se cumprir!

MOTIVOS DE ORAÇÃO
Continue orando...

  • Gratidão a Deus pelo Seu sustento por meio da Sua palavra
  • Gratidão a Deus por me ensinar a depender d’Ele somente
  • Gratidão a Deus por colocar pessoas no meu caminho que tem me ajudado nesse processo de mudanças e abrir mão de planos
  • Gratidão porque nesse processo tenho conhecido a Deus mais de perto
  • Pelo aprendizado da língua: entendimento, fala, boa pronúncia e conseguir se comunicar
  • Por todo o processo de mudança na equipe: que Deus cuide do nosso coração e que estejamos abertos aos planos de Deus, rendendo-se a eles
  • Que Deus me dê discernimento para entender no que preciso abrir mão da minha cultura, no que preciso me ajustar à cultura local e onde a cultura do Reino precisa permeiar minha caminhada
  • Por paz aqui na região: houve várias invasões nas vilas, roubos de gados, inclusive com algumas mortes, etc. Há um grande temor no coração do povo Karamajong. Que Deus possa lhes revelar Seu poder!

Gostaria de agradecer por aqueles que têm enviado algum cartão, mensagem via whatsapp, e-mail. Isto me incentiva e encoraja a continuar esta caminhada. Obrigada por se importar. E vamos juntos rumo aos planos e propósitos de Deus para este novo ano!

Em Cristo, Dirce.

Caso queria contribuir com meu ministério, clique aqui.

Avatar
Publicado por André Metz