02/07/2018

Aprender a abrir mão

Aprender a abrir mão

Todos aqueles que me conhecem bem, sabem que uma das minhas maiores paixões é o café. Sinto falta de um bom café, forte e aromático como o café brasileiro. Desse modo, sempre que alguém vem da terra temos a esperança que nos traga pelo menos um pacotinho. Como sabem eu tive hóspedes de Florianópolis no mês passado e eles trouxeram alguns pacotes das minhas marcas preferidas. O plano era dividir com os colegas da Beira, que como eu, anseiam por esse “ouro negro”. Mas, tudo mudou de repente. Abri mão do café (quase todo) por uma boa razão. Uma colega missionária, membro da nossa equipa, decidiu retornar a Holanda. Assim a Miaf ficou com uma casa disponível pois, não temos previsão de nenhum novo missionário tão cedo. Um dia, ao reflectir a respeito do nosso projecto social (PROIDE) que está impedido de crescer por falta de espaço, pensei: Por que não? Decidi negociar com a Missão o uso de uma das casas enquanto aguardamos a nossa construção que ainda nem começou. Negociações estão sendo feitas com a liderança da missão e estamos à espera dos documentos formais. Ao contactar com a colega holandesa sobre o nosso interesse de comprar alguns dos seus pertences para o funcionamento da nossa associação, perguntei sobre valores e fui surpreendida com a frase: “você pode me pagar com café brasileiro”.

A princípio eu pensei que fosse uma brincadeira, mas ela estava a falar sério. Assim, ela abriu mão dos seus móveis e utensílios, dando praticamente de graça para obra social e eu, sem hesitar, resolvi abrir mão de algo para mim é tão precioso. Eu fiquei sem o café, mas valeu a pena pois foi por causa do “reino”. Foi aí que comecei a pensar nas tantas coisas que temos que abrir mão no nosso dia a dia. Abrir mão nunca foi fácil. É um exercício diário. Na obra missionária temos que abrir mão da presença física dos nossos familiares, igreja, muitas
vezes, abrir mão de empregos. Renunciamos outros sonhos, para cumprir os sonhos de Deus, que se tornam os nossos sonhos. Renunciar, seja o que for, nunca é fácil. Outro exemplo é quando temos que entregar para Deus pessoas que amamos. Como dói quando perdemos alguém querido e nem temos a chance de assistir o seu funeral. Uma parte de nós quer inutilmente, mantê-los, mas temos que abrir mão dessa presença física e aguardar o dia da ressurreição. Perdi um filho na fé e grande amigo em Fpolis ontem e meu coração ainda sangra. Dói muito. Essa é uma matéria que às vezes tenho “ficado em recuperação”. Orem por mim nesses dias pesados.

Novo endereço e novas esperanças
O projecto vai mudar de endereço e isso me enche de esperança. A verdade é que a sala da minha casa já não comportava o número de mulheres. Como crescer? A casa da missão que estaremos a alugar em breve é perto da minha. A mudança para lá, além de devolver a minha privacidade, vai obrigar as mamas do projecto a tomarem mais responsabilidade, assumirem despesas como água, luz, guarda etc. Estas coisas, na minha casa elas não precisavam pagar. Vai ser um desafio.


Outra boa notícia de junho é que a prefeitura voltou ao terreno para “por os marcos”. No momento pagamos alguém para limpar o terreno e próximo passo é começar o muro. Assim, mais um passo foi dado. Nas fotos a nova casa e o terreno onde pretendemos construir

De Mulher pra Mulher
Esse é um slogan de uma famosa loja no Brasil. “de mulher prá mulher”. Pensei que a frase poderia servir de incentivo para que mulheres no Brasil assumissem o compromisso de orar nominalmente por mulheres da Beira. Algumas têm enfrentado lutas com enfermidade, e outras até perseguição familiar por causa da sua fé. Recentemente uma das mamas o projecto, depois de perder o seu pai, foi acusada pelos familiares de feitiçaria, tudo porque ela se negou a participar das cerimonias tradicionais e se banhar com as ervas dos curandeiros. Além de acusada ela foi agredida, a ponto de parar no hospital. Entre as enfermas temos algumas que são portadoras do vírus do HIV. Precisamos de um batalhão de mulheres que orem por outras mulheres. Que orem também pelo sonho da construção da nossa sede para o trabalho social. Aquelas que desejarem se envolver nessa “batalha de oração” e mesmo contribuir, por favor entrem em contacto comigo e eu fornecerei nomes e situações concretas para oração. É um desafio de mulher prá Mulher.


Um forte abraço a todos

Maura Juçá Manoel

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Publicado por André Metz