14/03/2018

TEMPO E CONTRASTES



O mês de fevereiro parece que voa, talvez porque e mais curto em relação aos outros meses, ou talvez porque marca o início do ano lectivo e somos engolidos pelas actividades. A verdade e que ele está no fim. O tempo passou e eu nem percebi. Nesse mês quando o tempo me escapou pelos dedos eu queria pensar sobre o tempo e os contrastes que a vida me tem mostrado.
Dias atrás eu me vi envolvida em duas “infelicidades”, como se diz por aqui quando morre alguém. Como o processo como um todo dura dias, eu tive que me dividir entre fazer uma visita de consolo aqui outra ali. Coincidentemente os dois funerais foram marcados para o mesmo dia. Eu tinha que driblar o tempo, tentar me dividir, mas não consegui cumprir os dois na integra, afinal não se pode estar em dois lugares ao mesmo tempo.
Como já dizia um grande poeta brasileiro que viveu tão pouco tempo: “... o tempo não para, não para não, não para...”
Foi um dia longo, mas acabou. Mas, eu fiquei a pensar sobre o tempo e nos contrastes que vi. Um dos funerais era de um bispo de uma das igrejas locais da Beira, que faleceu quase às vésperas de completar 89 anos. Viveu muito tempo num pais como Moçambique, onde a expectativa de vida está por volta de 40 anos.
O outro funeral era de uma jovem de 23 anos. Ela nem teve tempo de viver. Foi mais uma vítima da sida (aids), deixou um filho de três anos. Lindo o menino e aparentemente saudável, mas, portador do vírus do HIV. Quem sabe quanto tempo ele tenha nesse mundo? Oro por ele para que Deus derrame a sua graça infinita e o seu poder sem limites.
Em contraste com isso, o bispo deixou 8 filhos, 32 netos e 27 bisnetos. Eu acabei decorando, depois de ouvir a sua biografia em tantas mensagens de homenagem no funeral. Nada mal para uma cultura que ter descendentes é fundamental para ser lembrado na posteridade.
No funeral da jovem os carros foram escassos e muita gente preferiu esperar o cortejo à porta do cemitério, já no outro, quase perdi a conta dos carros pequenos e caminhões. Ele de facto era um bom homem e muito conhecido na cidade.
Em resumo, depois de tanta pompa ou simplicidade, o que conta de verdade é o destino daquelas almas. E aí não houve contraste. As duas pessoas morreram enquanto seguiam a Jesus. O homem idoso, uma vida dedicada ao evangelho. A jovem perdeu a vida cedo, e colheu no seu corpo as marcas do tempo da sua ignorância, mas, ainda teve tempo de se arrepender e clamar pela misericórdia de Cristo. Eles escolheram certo. Escolheram Jesus.
Pensei no “tempo”. O tempo longo dos eventos, no tempo que foi insuficiente para cumprir os dois funerais, no tempo que acabou para aquelas duas vidas, e no tempo que resta para cada um de nós.
No tempo infinito que será viver na eternidade para aqueles que conhecem e amam a jesus. O tempo não para. Não para não... ele não para. Por isso Jesus disse: “Eu devo fazer as obras daquele que me enviou enquanto é dia, a noite vem quando ninguém pode trabalhar” (João 9:4), e Paulo afirmou: “pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo (2 Tim 4:2). Assim oro: Senhor usa-me!

Oportunidade
E ali estava ele. De pé a porta do recinto onde foi o evento fúnebre. Sim, nada mais nada menos do que o presidente do conselho municipal, pessoa com que eu tanto precisava falar. Ele veio prestar as últimas homenagens ao bispo que foi seu conselheiro. Como temos uma questão pendente do nosso terreno do projecto, encontrá-lo foi providencial. Ele caminhou na minha direcção e veio me cumprimentar. Depois de uma breve conversa ele perguntou pode ser amanhã irmã? E no meio de um dia de tanta tristeza, mais um contraste, sai do funeral com o coração contente por ter uma audiência marcada.
De facto ela aconteceu no dia seguinte. Um homem com uma agenda tão apertada, reservou aquele tempo para ouvir nosso clamor. Orem por acções concretas.
Peço que continuem a orar para que os departamentos envolvidos e as pessoas individualmente cumpram suas responsabilidades e que todo espírito de corrupção seja repreendido em no e de Jesus.
Nos ajudem a orar que em pouco tempo, tudo esteja resolvido e possamos tomar posse definitiva do nosso espaço.Esse é ano de eleição e é fundamental que tudo se resolva antes das mudanças políticas.

Boas novas
Duas boas notícias. Conseguimos dar alguns passos no reboco externo do templo da igreja no bairro do Esturro. Isso é fundamental pois estamos na época de muitas chuvas. Os bairros estão cheios e transitar na cidade tem sido um desafio. A chuva é boa e necessária para as plantações, mas quando são demais causa prejuízo. Tenho orado que a chuva não cause mais destruição e doenças.
A outra notícia é que um casal da minha igreja se matriculou no Instituto Bíblico e isso me trouxe alegria e esperança.

O projecto Social
O trabalho de artesanato já recomeçou. As mamas que foram enviadas para aprimorar as aulas de corte e costura num outro local, voltaram animadas com suas pequenas peças por elas costuradas. Peço que orem por nós. Depois da saída da nossa presidente o ano passado, ainda temos uma liderança fraca. Temos treinado mamas na secretaria e tesouraria, mas, a uma líder principal precisa ser levantada por Deus no meio delas. 


     



Quanto a Mim...
Quanto a mim, continuo por aqui... rumo aos 26 anos de Moçambique no mês de março. Prego sempre que me é dada a palavra na minha igreja, e em outras quando sou convidada, continuo a ensinar no Instituto Bíblico o Antigo e o Novo Testamento e discipulando mulheres no projecto social e na igreja.
O trabalho com os miúdos aos sábados agora conta com a ajuda da voluntária Roseli, que tem sido um grande apoio. No momento já estamos a pensar no programa da Páscoa que da maneira que o tempo corre, já está as portas.


Deus Abençoe a todos.
A serviço do Mestre
Maura Juçá Manoel


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Publicado por André Metz